segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Mais uma vez o prêmio Nobel



Aventa-se que tal prêmio homenageia a literatura beatnik, a contracultura libertária, certa apologia das drogas, certa vivacidade da língua jovial, o coloquialismo e a renovação meio bandida e anti-acadêmica da prosa poética,e, além do mais, é um cachimbo da paz com a literatura norte-americana. Então por que não deram o prêmio para o maior escritor norte-americano vivo, Thomas Pynchon, que representa isso tudo muito mais que Dylan? Pynchon tem uma legião de fãs apaixonados, assim como Dylan. Se a mulher tivesse dito "vai para Thomas Pynchon", seria uma convolução no mundo cultural, mais do que com Dylan. Estaria-se discutindo avidamente sobre literatura no mundo todo, em vez dessa bobeirinha efêmera que acontece e já está se apagando em torno do Dylan. Haveria uma super-exposição bastante positiva sobre modernidade artística e sobre o pós-modernismo nas letras _palavras pomposas e vazias no caso de Dylan, mas que se encaixam bem no caso de Pynchon. A academia sueca deu, na verdade, foi um tiro no pé se pretendia causar polêmica e chamar os holofotes para si. Se tivesse dado o prêmio para Roth seria uma reação morna, esperada, mas se desse a Pynchon seria um furacão de renovação na crítica literária e no mercado livreiro. Mas em vez disso, eles cometeram essa patacoada. O que reforça mais uma vez que literatura já não é mais o que importa para a academia.

8 comentários:

  1. Nobel Committee Says Bob Dylan Is Ignoring Them: http://pitchfork.com/news/69019-nobel-committee-says-bob-dylan-is-ignoring-them/

    Não ligo muito para isso, mas um motivo para torcer para o Pynchon há: certamente a Cia das Letras relançaria os livros dele por aqui! Faltam-me nas estantes V., Vineland e o Lote 49. Eu acabaria comprando também outra cópia do Arco-íris da Gravidade, que só tenho em inglês. De repente até providenciariam tradução daquele de contos que nunca foi lançado aqui e apressariam a tradução do Bleeding Edge...

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    1. É, trata-se de um sonho. Hoje me chegou o Mason & Dixon, o único que me faltava.

      Confesso que estou ouvindo obsessivamente o Dylan.

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    2. Eu não sei o que vai dar essa história do Dylan não responder à academia. Será que tá pintando uma desistência por aí?

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    3. Ou então ele faz como fez o Marlon Brando fez quando ganhou o Oscar: mandou em seu lugar uma índia para receber o prêmio. E que depois descobriram que era na verdade uma atriz representando uma índia (canalhice ou golpe de gênio?).

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    4. Perdão pelo "fez" duplicado aí em cima!

      Faz tempo que não ouço Dylan, mas li ontem um texto sobre aquele festival que aconteceu nos EUA, que reuniu Dylan, Neil Young, Stones, Roger Waters, Paul McCartney e Who (média de idade do line-up: 72 anos), e fiquei com vontade de ouvi-los todos novamente... Parece que o show do Waters foi sensacional, com várias homenagens carinhosas ao Donald Trump. E o Bob Dylan não se dirigiu ao público uma única vez.

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    5. Que maravilha deve ter sido esse show. Aguardando o lançamento em vídeo. Não me perdoarei pelo trocadilho, mas: uma espécie de Oldstock.

      Mas Dylan é muito bom. Que beleza é Nasville Skyline: um disco de pop perfeito que não faz concessões à mídia como os dos Beatles. Dylan é um gênio.

      Hahaha. Tinha esquecido essa do Brando.

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