quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Facebookcionismos



Eu poderia dizer que, "a meu favor", eu percebi a grande besteira que estava para se produzir e tomei partido, mas não consigo me vangloriar disso, visto que todos estamos no mesmo Titanic. Eu era ardorosamente crítico ao PT, etc, vide no blog do Milton as discussões em que participei; de modos que todos assustaram com a minha súbita "virada da casaca". Meus amigos acham até hoje que enlouqueci, ou que me tornei alienado. Não é isso: foi algo puramente egocêntrico. Foi tipo aquela história do sujeito que reclama da casa em que está preso e quando tem a oportunidade de abrir uma porta, descobre o abismo. Melhor ficar com o que já tem e ter a maturidade de se aperceber em um grupo_ uma nação_ e batalhar pelas mudanças. E, Nelson, você deve saber o quanto te admiro, etc etc, mas desde meus 5 anos eu escuto esse humor "judaico brasileiro" (eu o chamo assim porque todo humor personalíssimo de um povo, o humor repetitivo compulsivo cujo único tema é a sina desse povo, tem algo de judaico), Jô Soares com a gaiola do pássaro "corrupto", o Chico Anysio, as tirinhas do Piratas do Tietê, e tantas e tantas outras: são quase 40 anos ouvindo a mesma coisa, meu chapa! De modos que eu me vi perguntando: peraí, o humor exige uma catarse que o destrua? Durante quantos séculos vai se rir desconsoladoramente da mesma coisa, da mesmíssima coisa por aqui? Tem um limite em que o otário ficar rindo de si mesmo, de sempre ser um otário, cansa, desespera, dá vontade de morder a testa, espuma a boca. Daí eu ter nojo, repulsa, asco, do nosso judaismo auto-penitente hoje, de nosso passo marcial seguindo alegremente para o holocausto (e aqui a figura que tenho em mente é a da natureza do carneiro em oferecer o pescoço para a faca, uma abnegação chocante e nojenta, e não a Shoá), desse humor sempre inteligente mas que, para mim, não tem mais graça. Eu tive que optar pelo posicionamento. Andei escrevendo alguns textos defendendo o Lula, e fui muito xingado, quiseram me matar. Vi que o relativismo estava fodendo nós todos, nos transformando em assassinos cibernéticos carregados de ódio, de prepotência. Admiro sim o Fernando Horta aí de cima, já compartilhei textos dele, assim como compartilhei textos seus. Talvez eu também o defenestraria porque ser alvo não é mesmo a minha praia, mas o conheci aqui e o cara tem ótimas ideias e uma visão radical cujo radicalismo me espanta por ser radical e não a atitude de procurar a mudança que deveria ser a atitude cotidiana de todos. Mas o Brasil, creio eu, vai voltar a ser o que era (se alguém tiver interesse, meu texto sobre isso se chama "Moral em pareidolia", só digitar isso acompanhado de "Charlles Campos", e pimba, o Google mostra), e a esquerda acabou. Aqui eu repito a frase do Zizék: "com essa esquerda, quem precisa da direita?". Sim, grande parte dessa ruína, principalmente a ruína moral, vem da dita esquerda nacional. Mas quando penso nisso eu me policio e estaco, porque sinto o judaísmo querendo fazer os mesmos discursos clichês, pois penso que agora o brasileiro vai se aposentar aos 70, as desproteinação das leis trabalhistas pretende demiti-lo aos 67 para que não lhe paguem a aposentadoria, seu poder aquisitivo vai desmoronar consideravelmente , e o estado vai ser vilipendiado, e já estão proliferando os Gilmar Mendes, e etc, e etc. E nem o humor mais nós temos, porque perdeu miseravelmente a capacidade de produzir riso.

2 comentários:

  1. De fato, é muito bom estar com a maioria. Mas uma hora temos que parar e tentar perceber o mundo ao nosso redor.
    Bom, talvez muitos estejam percebendo, mas, quem sabe, já não adianta.

    Tiago Moura

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    1. Aproveitando o tema, segue texto publicado no Folha:

      http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/08/1805156-cegueira-e-linchamento.shtml

      Não é todo dia que se vê Raduan Nassar num posicionamento político.

      Tiago Moura

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